![]() |
Fotografia: Mafalda Rebelo |
O dia acordou choroso, estamos de lágrima fácil, os dois, hoje.
O dia acorda triste muitas vezes e eu assustada outras tantas.
A vida continua a acontecer normalmente, enquanto uns morrerem outros nascem, enquanto uns acordam outros dormem.
A chuva cai avulso sem sinais de abrandar, o trânsito congestionado entope as ruas e o comércio enche-se de corpos frios e molhados. Uns querem um chá quente para aquecer, outros um café forte para arrebitar.
Tenho a cabeça a mil, o corpo sem forças e os olhos afundados nas lágrimas que não param de chover sobre o meu rosto.
É aqui, perante um mundo em movimento que me apercebo que sou uma miúda. Não gosto de me imaginar mulher, quando falho, quando me falham, quando os dias começam e acabam sem a resolução do problema que tenho em mãos.
Sou mulher firme, no colo que dou aos outros, nas boas energias que lhes passo quando lhes dou a garantia de que amanhã vão acordar cheios de sol e sorrisos rasgados.
Sou miúda, quando a noite cai escura e chuvosa e me sinto despida sem coragem, quando não consigo parar de chorar e na ausência do colo que dei, fica a certeza daquilo que já conquistei.
Já deitada e enrolada no silêncio que me rodeia, eu, mulher que já foi miúda, e a noite que já foi dia, choramos juntas, num abraço longo cheio de esperança, amanhã já vai estar sol, vamos estar em Maio sem chorar.
Que tenhas um maio muito solarengo!
ResponderEliminarQuerida Marta obrigada igualmente . um beijinho
EliminarVolte sempre!