Não sou uma pessoa afortunada em bens materiais, na verdade muitas são as coisas que me faltam, mas sinto que as vou conseguir com trabalho, esforço e dedicação a tudo o que fizer com prazer. Se comparar o que tenho a um rico, acho que eu sou mais rica que ele não porque ache que o dinheiro não faça falta, porque faz, e seria hipócrita da minha parte dizer que não gostaria de o ser nesse aspecto, mas pelo facto de me sentir sortuda, por tudo o que já vivi, e por tudo o que tenho ainda para viver.
O ser humano está sempre esfomeado de desejo, conhecimento, amor e ambição. Muitos são os que vivem de bens no bem, mas que intimamente são mal resolvidos, porque lhes falta a outra face da moeda, muitos são os que tem ambas as faces da moeda, mas sentem necessidade de ter mais, estão no seu direito, mas do outro lado do mundo existem muitos que nem um terço da moeda possuem. Deve-mos aprender a ser moderados, porque nenhum de nós é, nem o que tem pouco nem o que tem muito.
Sinto-me um pouco à margem dos outros seres, porque me considero um ser mesmo feliz, que ainda tem muito para conquistar é verdade, mas isso não me impede de usufruir da felicidade que recebo, tanto naquilo que faço e tenho capacidade de fazer, tanto nas pessoas que tenho ao meu lado e a quem tenho a capacidade de amar.
Considero-me para além de brutalmente feliz, uma pessoa chata, por repetir muitas vezes o que sinto e o que penso aos que me rodeiam, mas aprendi desde muito cedo e da pior das maneiras, que quem se ama deve ser valorizado, enquanto o seu coração pulsa, pois quando deixa de acelerar é sinal que a sua capacidade de perceber o que sentimos findou. Mesmo para quem acredita como eu, que onde quer que essas pessoas estejam saberão sempre o quanto gostamos delas, mas é no presente, em vida que a distribuição de afectos deve ser feita, porque nada é para sempre, as coisas duram realmente o tempo que nós fizermos algo para que essas mesmas coisas, pessoas e momentos durem.
Não vou negar que me faz falta ter mais dinheiro, que me faz falta ter a certeza de que vou conseguir concretizar os meus projectos, não vou negar que me faz falar um amor, que me faça tremer até o coração parar, seria ridícula se o fizesse porque todos precisa-mos de saúde, amor e dinheiro, mas acredito que com o meu trabalho irei conseguir realizar os projectos que pretendo concretizar, e com isso conseguirei lucrar, acredito que chegará a hora em que alguém me faça o coração parar sem ser mortal, não é de todo algo que ocupe o pensamento. Tudo o que proferi anteriormente faz-me falta mas, no sentido que completaria a felicidade que vivo hoje. O que me ocupa o pensamento é o que tenho de realizar agora no presente, e que fará de mim um ser mais feliz, o que tenho no coração são as pessoas que me fazem sorrir, todos os dias, que independentemente de qualquer coisa me fazem sentir importante e realizada.
É por tudo isto que me considero uma pessoa verdadeiramente feliz, uma pessoa que será certamente muito realizada, porque amo as minhas pessoas, mesmo que elas não extravasem os sentimentos como eu, faço e farei sempre isso por todos.
Porque não passo fome, nem frio, nem sede, porque tenho onde ir quando sinto saudades, e tenho onde regressar quando sinto frio.
A minha única obrigação é continuar a ser violentamente feliz e a fazer frequentemente pessoas felizes, é agradecer a todos tudo o que fazem por mim todos os dias, e por me deixarem participar das vossas vidas, mesmo sendo muito chata.
Todas as pessoas que vivem, ou sobrevivem todos os dias, todas as que tem o coração a bater a toda a hora, tem a obrigação de serem felizes. Sejam, ricos, pobres, brancos, pretos, etc.. somos todos seres humanos livres de amar e viver, enquanto houver vida.
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