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Fragmentos do Pensamento XXVII


Existem timbres que nos despertam a atenção, vozes que nos aquecem a alma e sossegam o coração.

Melodias que nos enchem o corpo com energia suficiente, para enfrentar os dias frios que se vão formando lá fora e que vamos sentindo em forma de tortura nos nossos ossos.
São pequenos os gestos que nos fazem ver o lado mais quente da vida, quando a chuva chega com a sua força impressionante que nos amedronta. Sem dar-mos por isso, vão surgindo, cheiros, sabores, de memórias que não passam disso, memórias, infinitos momentos que nos deliciaram e que agora nos fazem sorrir, chorar, recordar.

Sento-me, a contemplar as minhas memórias, agora numa temperatura bem fria e longínqua, sem o calor outrora deixado por alguém que partira em dias de sol e me faz sentir a sua falta no meu coração, nestes dias que são tudo menos dias de verão.

Deixo-me ficar, estendida a ouvir a música que se vai aproximando, num tom baixo, leve, quase tão sublime como o silêncio que me faz sentir as emoções, na mão tenho um copo do chá que eu não deixo de parte, principalmente quando me dou de caras com estas noites frias, está a estalar de tão quente que ficou, vai aquecendo a minha alma e a frescura destas quatro paredes, e assim sem dançar, sem guerrear com a saudade que me faz companhia, vou absorvendo o timbre, o som, o sabor, o amor e deixo-me ficar. 


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