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Fragmentos do Pensamento IX

De vez em quando sem eu dar conta disso estás lá, presente no meu pensamento, fazendo com que todas as minhas atenções se canalizem exclusivamente para ti, para a tua presença.
Perco-me na imagem que aparece quando eu menos espero, sem motivo aparente, volta tudo a acontecer como se te tivesse acabado de tocar, quando na verdade estás longe, longe do meu olhar, do meu toque. 
Quando eu acho que o meu coração já se está a preparar para te esquecer de vez e a tua presença não me perturba ou distraí, o meu pensamento distorce essa minha realidade, talvez por não ser mesmo real ou porque o faço de forma irracional, o lembrar de ti e da falta que eu julgo que me faz o teu toque, a tua palavra, o teu olhar.
Quando te recordo, já não sei se escrevo por isso ou por vontade de não te querer voltar a recordar, seja o que for, há momentos que se torna perturbador, o pensamento de ti, mas também a consciência que tenho de que nunca te vou ter, nunca te poderei possuir mais do que já consegui, antes.  
Sei que te quero, mas talvez essa certeza se esteja a desvanecer a cada dia que passa e a cada recordação que eu tenho, porque nenhum amor, se é que eu te posso chamar assim, dura sempre, nem mesmo aquele que ainda vive em nós. 
Quero que sejas livre de mim, porque o sentimento que nutro por ti é amor, penso eu, penso tanto que ás vezes duvido se é mesmo isso ou se já estagnou ao ponto de não passares de um sonho que eu já vivi, mas que nada significou, não tanto para ti como para mim.
Espero nunca deixar de escrever sobre ti e para ti, não porque não queira seguir em frente porque quero, mas talvez porque não sei se continuas a existir ou se é só do meu consciente a vontade de te ver, mesmo que não seja para te ter.
Um dia seja ele quando for, espero reencontrar-te de forma plena, sem que as minhas pernas tremam, sem que os meus olhos fiquem esbugalhados, sem que a minha cara comece a corar, sem que o meu coração saia da boca, sem que a minha boca tenha vontade de segredar na tua e o meu corpo de amar o teu.
Mas que a nossa cumplicidade continue, se é que a tua vida o permite e que a nossa amizade seja a única coisa que não é ilusão, que eu ainda esteja presente na tua recordação.

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