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Fragmentos do Pensamento VII



Quando tomamos consciência de quem somos, do que é viver, do que é amar, nunca estamos há espera que algo destrua toda essa sequência de vida que idealizá-mos e que queremos continuar a viver e a planear. É inevitável não fazer-mos planos, seja para nós ou para aqueles que dependem de nós. 
Todos fazemos planos, seja estudar para um exame, sair com amigos ou até mesmo planear o que fazer para e com os filhos, planeamos também, uns casar, outros ter filhos, outros ambas as coisas ou até planos a nível profissional, no fundo fazemos planos sobre tudo aquilo, que depende para que sejamos felizes, com quem mais gostamos ou simplesmente em prol da nossa felicidade interior.
Sendo assim e seguindo esta lógica não estamos preparados para um 'acidente de percurso', porque não estava nos nossos planos, ou por não estarmos mesmo há espera que algo dê errado, a verdade é esta, mas também ninguém disse que viver seria um 'mar de rosas'  e que os defeitos eram só personificados. A vida também os tem e o maior deles todos é a morte, o único que não conseguimos controlar por mais planos que tenhamos em mente.
E antecedendo há morte, vêm as doenças irreversíveis mas que até ao diagnóstico final achamos sempre que há volta a dar e que não passará de um breve e doloroso mau momento.
Ninguém que respire, que ame, que se dedique está preparado para lidar com a noticia de que uma doença seja ela qual for se instalou no corpo de  alguém que amamos. Quando isto acontece colocamos tudo em causa, os planos feitos e tudo o que há para concretizar fica literalmente suspenso, aí o nosso único plano é proteger e salvar aquele ser que sempre dependeu de nós e de quem nós sempre dependemos, pelo sangue que corre nas veias, pelo amor que nos une ou até mesmo pela admiração, sim porque tudo isto é gostar e sentir que alguém faz parte de nós.
Lutamos com eles como se travar aquela luta fosse também um dever nosso e não só de quem tem o problema. É doloroso para nós, mas de certo que é doloroso mais ainda para eles, sejam filhos, sejam irmãos, primos ou amigos, tentamos sempre fazer o impossível para que o pesadelo acabe, o que acontece em muitos casos, acaba. A probabilidade de não acabar ou melhor de acabar da pior forma, não é nula e temos de ter consciência disso, mas é difícil para qualquer ser ter consciência da perda de alguém, da chegada da morte e partida da vida.
Fica a saudade e a vontade de querer ver aquele ser, desperta-se em nós a necessidade de demonstrar os sentimentos que escondia-mos até então, a verdade é que a maior parte do ser humano só começa a dizer e a demonstrar certos sentimentos depois de ter sentir o pior de todos, a perda de alguém querido, de alguém a quem ficou muito por dizer, por inconsciência, por falta de coragem ou maturidade.
Sem planos, ou até mesmo que eles existam devemos aproveitar ao máximo o que temos, sem que seja preciso outra oportunidade para o fazer, porque não vai haver.

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