A cama está vazia, estou sentada num espaço todo branco, os meus ouvidos pararam de ouvir quando absorveram os últimos sinais das máquinas que desligaram do teu corpo já sem vida. Ainda sinto o teu perfume, abraço as pernas junto ao peito, fecho os olhos e é como se estivesses aqui. Não consigo lidar com esta dor que me grita todos os dias. É no silêncio que oiço a tua voz meiga e ponderada a dissertar sobre o amor que me tens, o amor que já não consigo apalpar com as mãos. Aquele amor que me deu segurança, certezas absolutas, que agora e sem aviso te levaram de mim. O mesmo amor que trouxe ainda mais sentido aos meus dias e me fez questionar tudo. Já só me restam as memórias felizes, as aprendizagens constantes. O teu corpo está longe, mas sinto-te como se esta dor fosse uma mera ilusão. Não sinto o meu corpo firme, já não posso alcançar o teu abraço quente quando isto acontece. A casa está vazia restam-me as roupas, as fotografias dos nossos momentos...